Posto aqui um texto que publiquei em meu blog pessoal, em agosto de 2011, e que continua bastante atual. Nele utilizo quase todas as técnicas de conclusão, então vale a pena dar uma lida e tentar identificar quais são. Boa leitura!
O que é a política? A pergunta pode
soar um tanto esquisita, já que estamos no Brasil. Mas a esquisitice
parece querer dizer exatamente isso - não temos nenhuma familiaridade
com a política, senão com o papel vergonhoso que nossos representantes
adoram representar no congresso. Por aqui, quando se fala em política se
pensa em corrupção, em descaso, em safadeza, como se a imagem da
política para nós fosse uma mistura diabólica de malandro da Lapa,
playboy engomadinho e uma loira bem devassa. Mas talvez isso seja um
sinal, não muito bom, mas um sinal de que as coisas podem ser
modificadas. Bastaria que se entendesse que a política não é lá muito
distante assim de nós, e que somos de igual modo malandros, playboys,
devassos. Reclamar de quem então? A voz do povo é a voz de Deus,
dizem as más línguas, mas talvez seja, ao contrário, a voz das
profundezas mais obscuras de nossa natureza tupiniquim. Afinal, nossos
representantes nos representam, e se estivéssemos assim tão
insatisfeitos com a encenação deles não estaríamos inertes diante da TV
ou do jornal, vendo a farsa acontecer bancada por nós. A nossa situação
está deveras preocupante, mas sempre há um jeitinho, o bom jeitinho
brasileiro, para saber lhe dar com a crise. A prefeitura do Rio está
falida? O Estado do Rio permanece um esgoto de corrupção? Que nada! O
importante é que o inverno está terminando, o verão vem chegando com
tudo, e aí poderemos pedir aquela cervejinha, curtir uma praia das
centenas de praias cariocas, cobiçando as loiras de plantão, com direito
a fio dental e, se tiver algum dinheiro, até um beijinho. Pois é isso
que importa, enfim. Nossa natureza não quer saber muito de formalidades.
Deixe o terno para aqueles malandros e devassos do planalto. Fiquemos
aqui pagando pra ver, literalmente, o circo pegar fogo, sonhando um dia
que fosse na nossa cama...